terça-feira, 20 de novembro de 2012

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA: 20 DE NOVEMBRO


Retirado de Portal Áfricas: http://africas.com.br/portal/consciencia-negra-o-que-e-e-como-usar/

Consciência Negra: o que é e como usar?

Consciência Negra somos nós, em nossa real dimensão de seres humanos, sabendo o que somos, de onde viemos e para onde vamos.

Nei Lopes

"Consciência Negra não é racismo ou complexo de inferioridade e, sim, um anseio legitimo de expansão e crescimento. Não é separatismo, segregacionismo, ressentimento, ódio ou desprezo pelos outros grupos que constituem a Nação brasileira."
por Nei Lopes

Quando te disserem que você quer dividir o Brasil em “pretos” e “brancos”, mostre que essa divisão sempre existiu. Se insistirem na acusação, mostre que, neste país, 121 anos após a Abolição, em todas as instâncias, o Poder é sempre branco. E que até mesmo como técnicos de futebol ou carnavalescos de escolas de samba, os negros só aparecem como exceção.

Quando, ainda batendo nessa tecla, te disserem que o Brasil é um país mestiço, concorde. Mas ressalve que essa mestiçagem só ocorre, com naturalidade, na base da pirâmide social, e nunca nas altas esferas do Poder. E que o argumento da “mestiçagem brasileira” tem legitimado a expropriação de muitas das criações do povo negro, do samba ao candomblé.

Quando te jogarem na cara a afirmação de que a África também teve escravidão, ensine a eles a diferença entre “servidão” e “cativeiro”. Mostre que a escravidão tradicional africana tinha as mesmas características da instituição em outras partes do mundo, principalmente numa época em que essa era a forma usual de exploração da força de trabalho. Lembre que, no escravismo tradicional africano, que separava os mais poderosos dos que nasciam sem poder, o bom escravo podia casar na família do seu senhor, e até tornar-se herdeiro.

E assim, se, por exemplo, no século XVII, Zumbi dos Palmares teve escravos, como parece certo, foi exatamente dentro desse contexto histórico e social. Diga, mais, a eles que, na África, foram primeiro levantinos e, depois, europeus que transformaram a escravidão em um negócio de altas proporções. Chegando, os europeus, ao ponto de fomentarem guerras para, com isso, fazerem mais cativos e lucrarem com a venda de armas e seres humanos.

Diga, ainda, na cara deles que, embora africanos também tenham vendido africanos como escravos, a África não ganhou nada com o escravismo, muito pelo contrário. Mas a Europa, esta sim, deu o seu grande salto, assumindo o protagonismo mundial, graças ao capital que acumulou coma escravidão africana. Da mesma que forma que a Ásia Menor, com o tráfico pelo Oceano Índico, desde tempos remotos.

Quando te enervarem dizendo que “movimento negro” é imitação de americano, esclareça que já em 1833, no Rio, o negro Francisco de Paula Brito (cujo bicentenário estamos comemorando) liderava a publicação de um jornal chamado O Homem de Cor, veiculando, mesmo com as limitações de sua época, reivindicações do povo negro. Que daí, em diante, a mobilização dos negros em busca de seus direitos, nunca deixou de existir. E isto, na publicação de jornais e revistas, na criação de clubes e associações, nas irmandades católicas, nas casas de candomblé… Etc.etc.etc.

Aí, pergunte a eles se já ouviram falar no clube Floresta Aurora, fundado em 1872 em Porto Alegre e ativo até hoje; se têm idéia do que foi a Frente Negra Brasileira, a partir de 1931, e o Teatro Experimental do Negro, de 1944. Mostre a eles que movimento negro não é um modismo brasileiro. Que a insatisfação contra a exclusão é geral. Desde a fundação do “Partido Independiente de Color”, em Cuba, 1908, passando pelo movimento “Nuestra Tercera Raíz” dos afro-mexicanos, em 1991; pela eleição do afro-venezuelano Aristúbolo Isturiz como prefeito de Caracas, em 1993; pelo esforço de se incluírem conteúdos afro-originados no currículo escolar oficial colombiano no final dos 1990; e chegando à atual mobilização dos afrodescendentes nas províncias argentinas de Corrientes, Entre Rios e Missiones, para só ficar nesses exemplos.

Quando, de dedo em riste, te jogarem na cara que os negros do Brasil não são africanos e, sim, brasileiros; e que muitos brasileiros pretos (como a atleta Fulana de Tal, a atriz Beltrana, e o sambista Sicraninho da Escola Tal) têm em seu DNA mais genes europeus do que africanos, concorde. Mas diga a eles que a Biologia não é uma ciência humana; e, assim, ela não explica o porquê de os afrobrasileiros notórios serem quase que invariavelmente, e apenas, profissionais da área esportiva e do entretenimento. E depois lembre que a Constituição Brasileira protege os bens imateriais portadores de referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira e suas respectivas formas de expressão. E que a Consciência Negra é um desses bens intangíveis.

Consciência Negra – repita bem alto pra eles, parafraseando Leopold Senghor – não é racismo ou complexo de inferioridade e, sim, um anseio legitimo de expansão e crescimento. Não é separatismo, segregacionismo, ressentimento, ódio ou desprezo pelos outros grupos que constituem a Nação brasileira.
Consciência Negra somos nós, em nossa real dimensão de seres humanos, sabendo claramente o que somos, de onde viemos e para onde vamos, interagindo, de igual pra igual, com todos os outros seres humanos, em busca de um futuro de força, paz, estabilidade e desenvolvimento.

Globalização Milton Santos - O mundo global visto do lado de cá.



O mundo global visto do lado de cá, documentário do cineasta brasileiro Sílvio Tendler, discute os problemas da globalização sob a perspectiva das periferias (seja o terceiro mundo, seja comunidades carentes). O filme é conduzido por uma entrevista com o geógrafo e intelectual baiano Milton Santos, gravada quatro meses antes de sua morte.
O cineasta conheceu Milton Santos em 1995, e desde então tinha planos para filmar o geógrafo. Os anos foram passando e, somente em 2001, Tendler realizou o que seria a última entrevista de Milton (que viria a morrer cinco meses depois). Baseado nesse primeiro ponto de partida o documentário procura explicar, ou até mesmo elucidar, essa tal Globalização da qual tanto ouvimos falar.
O documentário percorre algumas trilhas desses caminhos apontados por Milton, vemos movimentos na Bolívia, na França, México e chegamos ao Brasil, na periferia de Brasília. Em Ceilândia, a câmera nos mostra pessoas dispostas a mudar as manchetes dos jornais que só falam da comunidade para retratar a violência local. Adirley Queiroz, ex-jogador de futebol, hoje cineasta, estudou os textos de Milton e procura novos caminhos para fugir do 'sistema' ou do Globaritarismo - termo criado por Milton Santos para designar a nova ordem mundial.
(Resumo postado por quem disponibilizu o vídeo no You Tube)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

segunda-feira, 24 de setembro de 2012


 

Retirado de 
http://www.letras.ufmg.br/literafro/data1/autores/92/dados.pdf

Lima Barreto

Escritor e jornalista polêmico, e um dos mais destacados intelectuais brasileiros com atuação nas primeiras décadas do século XX, Afonso Henriques de Lima Barreto é considerado por Octavo Ianni como um dos fundadores da literatura negra ou afrobrasileira.
Coincidentemente, o escritor nasceu no Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1881, filho de João Henriques de Lima Barreto e Amália Augusta Barreto – ambos mestiços.
Tinha como avó uma escrava liberta, Geraldina Leocádia da Conceição, agregada da família Pereira de Carvalho, cuja mãe, Maria da Conceição, nascera na África, tendo sido transportada para o Brasil em um navio negreiro. A figura dessa bisavó parece permear o imaginário do escritor, como destaca seu biógrafo, Francisco de Assis Barbosa, ao resgatar uma das crônicas do autor, publicada em 1918:

Era da África, de nação Moçambique (...) viera ainda rapariguinha para aqui, onde tivera para seu primeiro senhor os Carvalho de São Gonçalo; conhecera D. João VI, e, sobre ele, desconexamente, contava uma ou outra coisa avaramente guardada naquela estragada memória. (BARBOSA: 1952, 22)

Lima Barreto era proveniente de uma família humilde. Seu pai exerceu por muitos anos o ofício da tipografia em jornais importantes da época, tais como Jornal do Comércio e A Reforma. Sua mãe trabalhou como professora, em uma pequena escola fundada pelo marido, porém, dela se afastou devido aos problemas de
saúde que apresentava. Amália Augusta foi a primeira mestra do escritor, vindo a falecer quando o filho tinha 7 anos de idade, vítima de tuberculose. A esse episódio fatídico o autor vincula seu temperamento introspectivo, quando desabafa:

Talvez fosse menos rebelde, menos sombrio e desconfiado, mais contente com a vida, se ela vivesse. Deixando-me ainda na primeira infância, bem cedo firmou-se o meu caráter; mas em contrapeso, bem cedo me vieram o desgosto de viver, o retraimento por desconfiar de todos, a capacidade de ruminar mágoas sem comunicá-las a ninguém. (BARBOSA: 1952, 44)

Contando com o auxílio do padrinho de batismo, o Visconde de Ouro Preto, completou o ensino ginasial no colégio Pedro II. Em 1897, entra para a Escola Politécnica. As condições precárias da família, principalmente após a morte da mãe e a doença mental que assolava o pai, fizeram com que Lima Barreto abandonasse o sonho que seu pai alimentava e a ele transmitia: fazer do filho um engenheiro. Assim, o escritor abandona o curso da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, para que pudesse trabalhar e assumir o sustento da sua família. Porém, já na mocidade sonhava em tornar-se um literato – um sonho ao qual se impunham barreiras, como ressalta Barbosa ao reproduzir um desabafo do autor:

‘É triste não ser branco’ escreveu Lima Barreto em seu Diário Íntimo, resumindo numa confidência amarga todas as limitações que sofria. Mais que um complexo, a cor era uma barreira para a sua vocação de escritor. Tinha que transpô-la, mesmo que não conseguisse vencer o complexo. (BARBOSA: 1952, 144)

Parece-nos que Lima Barreto tentava transpor a “barreira da cor” através da produção literária, a qual iria dedicar todos os seus esforços. Parece-nos também, ao lermos o Diário Íntimo e O cemitério dos vivos, que o complexo viria a agravar a melancolia, a angústia e o sofrimento do escritor.
Em 1902, Lima Barreto passa a atuar na imprensa estudantil; muda-se, juntamente com sua família, para o subúrbio do Rio de Janeiro e ingressa, através de Concurso, na Secretaria da Guerra. Com o modesto ordenado que recebia como funcionário público, passa a dedicar-se à literatura. Inicia em 1904 a escrita da primeira versão do livro Clara dos Anjos, que só viria a ser publicado em 1948. No ano seguinte, escreve Recordações do escrivão Isaías Caminha e, ao mesmo tempo, começa sua carreira como jornalista profissional no Correio da Manhã. Nesse período, também se dedica intensamente, nas salas da Biblioteca Nacional, à leitura dos clássicos da literatura mundial, das obras realistas e dos romancistas russos. Alguns anos depois, escreve o romance Vida e morte de M. J. Gonzaga. Em 1911, durante três meses, publica Triste fim de Policarpo Quaresma, em formato de folhetim, no Jornal do Comércio.
O vício da bebida, que desembocaria no alcoolismo crônico do autor, apresenta suas primeiras manifestações, porém não o impede de continuar colaborando em diversos jornais da época. Em 1915, seu romance Numa e ninfa sai publicado no periódico A Noite. No ano seguinte, surge em livro o romance Triste fim de Policarpo Quaresma, juntamente com os contos "A Nova Califórnia" e "O homem que sabia javanês", sendo o volume bem acolhido pela crítica da época que via em Lima Barreto o sucessor literário de Machado de Assis.
Em 1917, após a primeira intervenção médica sofrida pelo escritor, que consistia em sua reclusão no hospital psiquiátrico, Barreto entrega ao editor os originais de Os Bruzundangas, que só viria a ser publicado após sua morte. No ano seguinte, após o diagnóstico de epilepsia tóxica, é afastado do trabalho e aposentado. Logo depois se candidata a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, mas seu pleito é recusado. No início de 1919, suspende a colaboração no semanário político A.B.C., por ter a revista publicado um artigo contra a raça negra, com o qual não concordava. Pela segunda vez, candidata-se à vaga na ABL, não conseguindo êxito. De dezembro a janeiro do ano seguinte, é internado no hospício devido à forte crise nervosa que o acometia, disto resultando as anotações dos primeiros capítulos da obra O cemitério dos vivos, publicada em 1953 junto com seu Diário íntimo. Recebeu menção honrosa na categoria melhor livro do ano com o romance Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá.
Já com a saúde debilitada, Lima Barreto se recolhe à modesta casa do bairro de Todos os Santos e à difícil convivência com as crises do pai. Em 1921, candidatase pela terceira vez à Academia e logo depois retira sua inscrição. Entrega ao editor os originais de Bagatelas, que só seria publicado em 1923. No fim da vida, o escritor sofre também frequentes crises de reumatismo. E vem a falecer em 1° de novembro de 1922, vítima de colapso cardíaco. Dias depois, falece o pai. Ambos estão sepultados no cemitério São João Batista, onde o escritor desejava que fosse a sua última morada.

África: uma história rejeitada



Um interessante documentário sobre a África e sua história.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Olga, o Filme (Trailer)


Trailer do filme que retrata a vida de Olga Benário: sua luta por um ideal revolucionário, seu envolvimento com Luis Carlos Prestes na preparação do levante comunista de 1935 no Brasil, e sua deportação, grávida de sete meses, para a Alemanha, pelo governo de Getúlio Vargas, onde morreu em um campo de extermínio nazista.